A história de Maria, uma jabuti resgatada de um incêndio em Jaguariúna, interior de São Paulo, não é apenas um relato de sobrevivência, mas um emocionante exemplo de como a união entre a ciência, a medicina veterinária e a empatia humana pode criar milagres modernos.
Maria foi encontrada gravemente ferida após um incêndio em 2022. Além das queimaduras, o dano mais severo foi a perda quase total de seu casco, a estrutura vital que protege seus órgãos e lhe dá segurança. Para um jabuti, o casco é sua casa, sua armadura; perdê-lo é uma sentença de morte, ou, no mínimo, uma vida de grande sofrimento.
A Revolução do Casco 3D
Foi nesse cenário de urgência que a tecnologia de impressão 3D entrou em ação, transformando o impossível em realidade. Uma equipe multidisciplinar de veterinários, engenheiros e pesquisadores de instituições como a UniFAJ, da região de Campinas, se mobilizou para o resgate e a reconstrução.
https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2023/03/08/jabuti-resgatada-de-incendio-ganha-casco-novo-feito-em-impressora-3d-em-jaguariuna.ghtmlO processo foi minucioso e de alta precisão:
Diagnóstico e Modelagem: Maria passou por tomografias computadorizadas, que permitiram aos engenheiros criar um modelo virtual exato da parte óssea remanescente do casco e projetar uma prótese sob medida.
Impressão: O novo casco foi impresso em uma impressora 3D, utilizando o Ácido Polilático (PLA), um material biodegradável, leve e resistente, feito a partir de amido de milho ou cana-de-açúcar. Essa escolha ressalta a preocupação com a sustentabilidade e o bem-estar animal.
Implantação: Em uma cirurgia complexa no Hospital Veterinário de Jaguariúna, a prótese foi fixada à parte óssea remanescente do casco de Maria e revestida com cimento ósseo, garantindo a integração e proteção necessárias.
O que em projetos anteriores levou meses, graças ao avanço das técnicas e da coordenação da equipe, foi realizado com uma agilidade impressionante, destacando a evolução da bioengenharia no Brasil.
Uma Nova Vida, Uma Nova Esperança
O resultado? Um mês após o procedimento, Maria, de aproximadamente 12 anos, estava completamente recuperada e adaptada à sua "casa nova". Segundo os veterinários, ela demonstrou estar mais animada, comendo melhor e se sentindo protegida. A prótese não apenas garantiu sua sobrevivência, mas devolveu sua qualidade de vida.
O caso de Maria é um marco: ele reitera que a impressão 3D não é apenas uma ferramenta futurista, mas uma solução prática e vital em diversas áreas, incluindo a medicina veterinária de resgate. Ele prova que, ao combinarmos compaixão e inovação tecnológica, podemos oferecer segundas chances incríveis à fauna que sofre com desastres, muitos deles causados por ação humana.
Maria, agora uma verdadeira celebridade e símbolo de resiliência, deve ser encaminhada a um santuário ecológico. Sua jornada, de uma vítima de incêndio a uma embaixadora da tecnologia 3D, inspira a todos a olharem para a ciência com mais esperança e para os animais com mais cuidado.
A história de Maria foi possível graças à parceria entre veterinários, pesquisadores e instituições da região de Campinas, como o Grupo UniEduK e a UniFAJ, mostrando o poder da colaboração em prol da vida.
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